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Ainda Somos Protestantes?






Avalio como de fundamental importância este debate, que por tempos trava um verdadeiro embate na mente de cristãos sóbrios e sedentos por uma vida cristã sadia, em conciliação com os ensinamentos de Cristo e com os princípios reformadores do protestantismo.

Ao brevemente estudar sobre o tema, inicialmente pode-se reparar que algumas colunas da grande Reforma Protestante, perderam-se na sombra do neopentecostalismo e sua teologia da prosperidade, ruindo com a estrutura originalmente revolucionária e enraizando bases teológicas se não errôneas, duvidosas.  A questão não esta no crer, mas no ser, ou seja, acreditar que os fundamentos da reforma são verdadeiros é uma coisa, ser um adepto dos conceitos reformadores é outra, viver e estar em movimento então é algo extremamente oposto, e particularmente este é o nível a ser atingido.

Não quero relacionar esta critica com uma idéia comportamental, não questiono “santidade”, mas ideologia. Reflito sobre fatores meramente conceituais, pois é pela renovação do entendimento que mudanças sociais acontecem, é quando não nos habituamos com a situação deste século. Em suma, critico a classificação religiosa que ainda insiste em denominar algumas  “igrejas” (entre aspas, pois me refiro a instituições e não pessoas) de hoje como protestantes, mas se são, protestam contra quem/o que? Qual é “cara” desse novo protestantismo? Se considerarmos os padrões da pregação de Lutero, Calvino, Wycliffe, Hus... Veremos que em nada se assemelha a essa “nova ordem religiosa”, a qual nomeamos Neopentecostal. Existe protestantes no século 21? Digo isso, não como individuo (leia Individual x Coletivo), mas como igreja, como instituição, pois é claro que somos fortes quando unidos e existem milhares de cristãos que, mantém a base do evangelho de Jesus Cristo, que resume-se em “Amar ao teu Deus acima de todas as coisas, e amar ao teu próximo como a ti mesmo”.

Enxergo pouquíssimos protestantes atuando na sociedade, enquanto a vertente capitalista cristã se expande, estamos estagnados e muita das vezes com receio de “bater de frente” com as anomalias do Cristianismo atual. Para fechar, basta-nos sabe que o evangelho de Jesus Cristo de Nazaré, nada tem haver com aquele pregado em algumas igrejas/seitas.  Caros, é simples de compreender, Jesus criticou o amor ao dinheiro, ao consumismo, a corrupção, a imoralidade, ao preconceito, ao poder, as aparências, ao individualismo, a vaidade, ao pecado (toda e qualquer ação que desmoralize o ser), e se vivesse hoje, criticaria o capitalismo como forma de exploração e instigação da competitividade desigual. Qualquer coisa no evangelho que não se resuma em amar ao próximo e a Deus é falcatrua e alienação. Protestantes?

A nomenclatura Protestante nasceu alguns anos após a Reforma, antes estes homens de Deus eram conhecidos como os Reformadores. A idéia era devido a postura diante da ordem papal, contrariando e contradizendo todos os dogmas na igreja (leia Sobre Lutero), mas hoje, estamos (sem generalizar), apáticos e acomodados, presos a inverdades e principalmente a nossas concupiscências vaidosas e materiais, preocupamo-nos com a estética das coisas, e negligenciamos a estrutura, por julgarmos a aparência muito mais importante do que o projeto, a base da construção.

Por essas e outras, questiono se diante de uma mutação ideológica tão significativa, se ainda há protestantismo em massa, no sentido pleno da palavra. Será que ainda somos os mesmos? Vai saber!

O Último Que Morrer, Apague a Luz!



Apague a luz, o ultimo a partir, o ultimo a embarcar no navio das almas, ao mar dos eternos navegantes, aos afluentes da despedida. Apague, o ultimo dos marujos, o errante, que dantes respirava, que dantes aspirava vida, que jaz o inferno de Dante. Apague, a pequena chama que esperançava seus sonhos, todos seus sonhos, sua crença infalível de que a vida é mais, de que a vida sempre vence, que o amor sempre vence, a vitória do bem é sempre certa. Incerta.

O amor é a seta, por mais difícil que seja acertar o alvo, a morte do amor é fato consumado, devido ao consumo de sentimentos baratos, atos por sobre atos, fatos atrás de fatos, que marcaram a morte desse tal amor. O que é amor?

Apague a vontade de viver, a vontade de fazer um filho, no país onde os pais enterram seus filhos, onde os velhos jogam as flores sobre o caixão da primavera. Onde os pais arremessam suas estrelas pelas janelas da loucura, estrelas cadentes na selva de pedra, corações de pedra. A selva. As pedras.


Apague o clarão da noite, das armas que arranhão o céu, o calor do urânio partido, armas químicas, biológicas, sem lógica. A fome da áfrica, dos moradores de rua, os ossos a vista, em contradição com o cartão de crédito do seu patrão que paga a vista. Os mortos por um papel, por um trago, por um copo, um afago, por um café amargo.

Apague os noticiários, as paginas dos jornais, a cena do amante que matou, do amor que desaprendeu a amar, do namorado que nunca soube namorar, da namorada que agora jaz em outro lar. Apague todo aquele papo melancólico dos pagodes, dos sertanejos, dos românticos, dos poetas, das novelas, dos filmes. Amor?

Ninguém aqui sabe amar! Contrastes. Jesus morreu por nós, por amor, nós matamos a nós mesmos, em nome do amor. Será que o amor mudou? Ou nós  não sabemos a essência de amar?






Bom, sabendo ou não, despreze essas palavras, não de crédito, são apenas devaneios de quem deveria estar dormindo a essa hora. De quem está morrendo de sono, de quem já não sabe mais o que diz, faz assim. Vou dormir. Amanhã talvez estejamos aqui. Caso não ocorra assim, faz um favor para mim. O ultimo que morrer, apague a luz!

domingo, 29 de agosto de 2010 | posted in , , , | 1 comments [ More ]

O Faxineiro


O macacão azul anil parecia falar… O olhar fitado no chão, a voz tremula e cansada a resmungar, mãos calejadas, pele escura, preta… A cabeça raspada não deixava transparecer os fios brancos, os pés rachados (imagino eu) calçados pelos velhos sapatos pretos, os mesmos que devem o acompanhar a tantos dias, amigos inconfidentes, seu uniforme era seu padre e o banheiro da faculdade seu confessionário.

Dia após dia o tempo está estagnado e a pressa parece não atingi-lo, seu mundo anda em vias contrárias, os ponteiros de seu relógio estão tão parados quanto os de Salvador Dali. Seus anos se vão com a mesma velocidade de seu trabalho, sua vida está limitada a aquelas paredes de azulejos brancos, seus sonhos estão reclusos e destinados a morrerem no 12° andar.

São 20h55min e ali está o homem, sentado sobre a pia de mármore cinza, debruçado por sob os ombros e proferindo palavras em tom quase inaudível, como quem está a murmurar, a declamar um discurso intimo e pessoal que se refere apenas a ele e que quase ninguém está ou estará disposto a ouvir. O cheiro de urina, misturado com os perfumes caros da classe média dão o clima de desigualdade social com um toque de monarquia. Acordar cedo e dormir tarde, o trem lotado que mais lembra os grandes cargueiros, o ser humano tratado como gado, submetido a se locomover como bichos, o navio negreiro do povo trabalhador. Tudo isso e ainda um salário de fome, que mal dá para pagar as contas e ele conta quanto custa para sobreviver nesse mundo cão. 

- Boa noite! (alguém diz)

- Boa…

Responde o homem com voz assustada, não por medo, até porque quem vive a beira da exclusão não teme nada, mas talvez por mal se lembrar da última vez que alguém o cumprimentara. Os dias passam e a vida daquele homem se confunde com a paisagem do ambiente. Tornou-se como um objeto de decoração, uma estátua, parte ilustrativa da sociedade, uma história em quadrinhos onde desenho e narrador se confundem com seus personagens.

- Papai!

Diz o filho daquele homem, irradiante por vê seu pai retornar ao lar. Ele (o homem) abraça seu filho, beija sua esposa, vive aquele momento como se fosse o último, pois amanhã o dia voltará a despontar. Coloca na mesa a mistura que comprou com dinheiro suado, feijão, arroz, ovo e bife, e dar-se por satisfeito e agradece a Deus por hoje ter além do ovo, o bife.

Toma um banho (ou melhor, uma “ducha”), e após lavar o corpo e a alma, deita-se em sua cama, reza o Pai Nosso, e pede a Deus que o dê forças para que no dia que se espera, possa cumprir novamente seu papel de chefe de família, de homem, de pai.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010 | posted in , , , | 2 comments [ More ]

Anjos E Demônios


Deus…

Pai, minhas duvidas multiplicam-se e por mais que nas madrugadas te busque, ansiosamente, desesperadamente por respostas, descubro ao invés de saídas, abismos sombrios, assim como a inquietes de minhas questões, e sempre que me deparo com elas encubro meu rosto para não olhar a verdade crua, desnuda, a mostrar a prostituição do corpo, a corrupção manchada nas paredes dos teus templos, a hipocrisia que insiste em invadir os átrios do Senhor.

Daqui do monte meus olhos as vêem, estão nas esquinas, instalaram-se em antigos casarões, galpões, bares, salões, a patrocinarem um espetáculo de vãos sentimentalismos e emoções, circos sobrenaturais, verdadeiros impérios da fé, nos quais homens gritam, mulheres berram, crianças choram, e outros homens sobre altares pregam mentiras e vaidades.  Anjos e demônios compartilham as mesmas instalações, a casa de Davi transformada em morada de ladrões, eles zombam do teu santo nome e arrastam milhões ao inferno das aparências e das sensações. E meus olhos fitados no céu se perdem no infinito a procura de socorro, minhas mãos pequenas, pecadoras e infiéis, estendem-se em direção a Nova Jerusalém, meus lábios imperfeitos e maldizentes, batem-se entre dentes e língua… Tremem em meio às lágrimas, clamam por justiça e fogo.

Eles se auto intitularam-se bispos, apóstolos, pastores. Inauguram suas fundações, arrecadam milhões de dólares, de reais, de euros, de almas… Comercializam a instituição do monopólio da fé, a temporada de caça aos pequenos de Israel.

Em seus sermões criticam a apostasia de Constantino, – Raça de víboras, quem vos disse que se Lutero vivesse em nosso tempo, não faria com vocês o mesmo que fez com o Clero e a ordem idolatra do papado! Vocês alimentam urubus e depois querem exterminar as moscas, assim como um camelo jamais passará pelo buraco da agulha, assim será a vossa esperança, a salvação estará desabilitada para vós.

Mil igrejas, mil doutrinas, mil confusões…

Suas vaidades mal permitem catarem o mesmo cântico e ainda dizem marcharem por Jesus? Mas, que cristo é esse que lidera um exército desfalcado, desunido e desprovido de humildade, poderia Ele aceitar nossas brigas e incompreensões? Compactuaria Ele com os nossos desejos pessoais, nossas divisões internas por poder, nossas crises e rebeliões?


Não… Este cristo não é o Cristo!

Ai Pai! Minha alma está cansada de clamar em vão, parece que não resta mais os que vejam a verdade e os poucos que restam, aos poucos estão sendo vitimados pelas malditas e falsas pregações. A verdade é que eles estão misturados, são anjos e demônios, não há como separar as divisas da alma e escancarar a face das intenções.

Mas, meu espírito, ainda corajoso, por mais que o corpo e a alma joguem a toalha, permanece a clamar por justiça, para que tu volte nas nuvens e traga a tona a verdade e a mentira dos corações.

Queria não me alongar, mas há anos sinto estas palavras como que engasgadas na garganta, permita-me este desabafo! Pelo bom senso não mais aceito vê-los a proclamarem mentiras em rede nacional, a entrarem pelos lares a ministrarem suas podridões, até seus milagres são  falsos e seus discursos doutrinas das trevas. Enquanto seu povo morre de fome, eles amontoam ouro e prata e escarnecem da fé dos inocentes, gafanhotos de homens, estão a devastar essa imensa plantação, os frutos que poderiam ser colhidos no tempo vindouro, agora morrem… Estão todos mortos, no vale de ossos secos, infelizmente Ezequiel não vive mais por aqui!

Senhor, falei demais, deixe-me dormir, perdoe-me mais uma vez por insistir em escrever tais coisas, mas se uma única alma for salva da mentira e enxergar a tua verdade, de tudo valeu minhas insanidades e alucinações.

O Revolucionário

Sobre o evangelho? Uma coisa é inegável. O caráter subversivo de Cristo. De todos os grandes revolucionários, sem dúvidas Ele superou a todos, por oferecer libertação eterna e por dividir o tempo (AC/DC). É dado a Ele o marco zero da saga humana, por Ele todas as coisas são, e sem Ele tudo que é, deixaria de ser.

Quem ou qual dos mortais eternizados na história, seria ou será capaz de dividir épocas por causa de sua influência mundial?  Qual homem teve êxito em seus projetos de redenção? Quem propôs uma solução definitiva, para questões como: racismo, violência, pobreza, morte...? Digam-me, a quem é o mérito de causar confusão na mente dos mais sábios mestres, sociólogos, teólogos, psicólogos, cientistas? Qual dentre nós, meros viventes desta condição “subnatural”, é capaz de transpor a ação do tempo, e se eternizar como o redentor das nações? Quem dos militantes políticos, sociais, é louvado e adorado por multidões em todo mundo, e isto, mais de 2000 anos consecutivos?

A resposta é: Ninguém. Afinal, como pode um homem salvar outro homem, se ambos mal sabem definir a causa de sua existência? Revolucionários surgiram e surgirão, mas apenas um poderá salvar-nos de nós mesmos. E este é Cristo!

Entendam, não desconsidero os atos daqueles que marcaram suas vidas com atitudes de coragem, amor e de doação. Jamais faria tal injustiça. Admiro homens como: Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Malcon X, Martinho Lutero, Karl Marx, Nelson Mandela, Zumbi dos Palmares e outros... Diferente de muitos cristãos alienados, vejo estes homens como instrumentos de Deus, para revelar seus planos, sua benignidade e caridade a falida humanidade. Mas, entendo que por mais importantes que foram seus feitos, todos comumente, eram impossibilitados de resolverem toda a questão, e muitos destes fantásticos seres humanos recorreriam a um ser maior que, os possibilita-se de libertarem a vida dos que os cercavam e a si mesmos. Todas as religiões do mundo têm em Cristo se não o principal, um dos principais mentores para suas doutrinas e diretrizes.

Sendo assim, Cristo é o maior revolucionário de todos os tempos! Seus ensinamentos são propagados até hoje, muitas das leis nasceram de seus discursos, muito do que se fez de bom na terra, fez-se por intermédio das palavras Dele. Ele é e sempre será a fonte maior de inspiração para aqueles que sonham com mudanças sociais.

domingo, 22 de agosto de 2010 | posted in , , | 0 comments [ More ]

Um esboço teológico: Deus e nós mesmos

Uma coisa interessante é que, seja pelo viés metafísico seja pelo materialista, não deveríamos nunca estar nos aborrecendo, ou aflitos, com o que quer que fosse. Se algo de ruim nos acontece, é a vontade de Deus. Deus sabe o que faz, logo ficamos serenos e deixamos o problema transcorrer confiantes. Mas, se Deus não existe, tampouco há que se esquentar a cabeça. Algo de ruim nos aconteceu? Que bobagem, amanhã morreremos todos, vale a pena esquentar com isso? A vida acaba e com ela o sofrimento. Crentes e ateus unidos na convicção de que não vale a pena sofrer.


Falar é fácil. Sofrer faz parte de estarmos vivos. A vida é, com o perdão da redundância, viva, e almejamos, desejamos, anelamos, aspiramos,algoAlgo qualquer. E é bom que seja assim, não querer é estar morto, é estar estagnado, conforme falei no post, Fernando Pessoa (aliás, Alberto Caeiro) como imagem, "O não querer é contrarrevolucionário". O grande segredo talvez seja não "não querer", e sim querer sem sofrer. Seria a solução dialética do problema, o "querer" de um lado, como elemento impulsionador da vida, combinado com a ausência de sofrimento por tal querer, pelo contrário, combinado com a alegria por termos ânsia, vontade. Ficamos com o que é bom, deixando de lado o inconveniente no "querer". Fazemos assim do querer uma fonte de alegria, pois se querer é estar vivo, temos vida, e vida em abundância (copyright João 10:10).


O assunto está relacionado a Deus, e não foi por outro motivo que comecei o post falando em crentes e ateus. Quando queremos algo, a quem pedir? Quando crianças, ao pai, quando adultos, ao Pai, com maiúscula. Não digo com isso que os crentes sejam infantis, apenas que há uma paralelo entre as duas posturas, a da criança e a do adulto, de recorrer a alguém superior, quando a nossa capacidade não basta. Não me parece ilógico esse pedido de intercessão. Sendo o pai o responsável pelo filho, vai atendê-lo, incluindo sendo esse pai -caso seja- o Pai em maiúsculas. Pois parece-me que, se Deus existe, intercede, e cotidianamente, neste mundo. Chegaria às raias do absurdo conjecturar um Deus que, após criar o mundo, o abandonasse à própria sorte. É Henry Miller que disse que Deus criou o mundo e entrou nele. Deus, pois, se existe é engajado, e se é engajado participa conosco dos reveses. É por isso que repudio a ilação reducionista entre religião e alienação, como se não pudesse ser a religião, ser Deus, fonte de força transformadora, real, em nossas vidas.


Ler os autores zen, Osho em especial, costuma me trazer uma enorme alegria. Conforme se avança nas palavras, nos conceitos, sentimos uma emoção profunda crescer, semelhante a uma descoberta. Mas, paradoxalmente, essa leitura também traz um medo consigo. Afinal, somos convidados a despertar. Não há o paraíso nem o inferno num futuro distante, não há o milagre sobrenatural nem a divindade que irá, miraculosamente, nos salvar. Não há nada. A não ser nós mesmos. Nós mesmos...Quando pensamos que a "salvação" só depende de nós, sentimos calafrios. A quem recorrer? Mas como, quem nos salvará? Nós mesmos...Isso dói, arranca o chão, tira os cobertores. E, sem véus, encaramos a realidade como ela é. Essa é a principal contribuição que o budismo (o zen em particular) me dá.


Essa questão lembra a fala de Marx, na "Introdução à crítica da Filosofia do Direito de Hegel", sobre como a flor falsa deve desaparecer: não para que fiquemos sem flores, de jeito nenhum, mas para que a flor real nasça. Pois é a realidade que deve brotar, não a ilusão, não a Matrix. A realidade, como ela é, e só por ser realidade já é preferível à ilusão.


O hinduísmo também trabalha, como o budismo, com o conceito de ilusão.O convite é justamente para superá-la:


Ó descendente de Bharata, ó vencedor do inimigo, todas as entidades vivas nascem em ilusão, confundidas pelas dualidades surgidas do desejo e do ódio/ Aqueles que agiram piedosamente tanto nessa vida quanto em vidas passadas e cujas ações pecaminosas se erradicaram por completo livram-se da ilusão manifesta sob a forma de dualidades e ocupam-se em servir-Me com determinação. (Bhagavad Gita, 7: 27, 28)


O que seria duro, para o crente, é se o mesmo Krishna, que faz esse apelo contra a ilusão, for ele próprio ilusório, produto humano. É perturbador, para o crente: a derrubada pela raiz do seu conforto, de seu alívio, de sua esperança.


Tudo conjectura. Se não se pode matematicamente provar Deus, tampouco se pode negá-lo. Deus é uma ideia que faz sentido para mim: havendo efeito, há causa. Não concebo o universo do nada, surgindo aleatoriamente por uma combinação físico-química qualquer; parece haver uma causa consciente por trás disso. Dê a essa causa consciente o nome que se queira.


Uma coisa, todavia, me parece clara. Essa causa consciente, caso seja real, colocou em nossas próprias mãos o livre-arbítrio. Vale dizer que a salvação é um processo do aqui e agora, vale dizer que a salvação, o que quer que seja isso, depende, mais do que nunca (e talvez absolutamente), de nós mesmos.

AUTOR: J.L Tejo
SOBRE: Tejo, advogado, residente no estado do Rio Janeiro, autor e idealizador do blog ELOGIO DA DIALÉTICA

*Todos os créditos  reservados ao autor


sábado, 21 de agosto de 2010 | posted in , , , , | 1 comments [ More ]

Individual x Coletivo

Concordo, precisamos tomar iniciativas. Mas, a questão principal não é o indivíduo, mas o coletivo. O corpo de Cristo como um todo. Nós em nossa ínfima condição faríamos muito, porém não o bastante, não o ideal, no entanto, juntos, faríamos obras maiores que a Dele, quando Jesus discursou sobre, era isso o que queria dizer, que Ele sozinho havia feito coisas tremendas, mas nós em conjunto estremeceríamos o mundo!

Concordo, falta braço e um pouco de pró-atividade de nossa parte. Mas, vemos igrejas milionárias, que faturam rios de dinheiro mês a mês, que chegam a pedir dízimos de 30%, e para onde vai tanto dinheiro? Para redes de televisão, rádios, templos ostensivos e quando não pior, para o bolso dos bispos, pastores, apóstolos... Entendo, devemos fazer por nós mesmos, mas quantos missionários tomaram a iniciativa por sentirem o peso do chamado, e hoje, passam por necessidades, já que a igreja de Cristo na terra, em parte considerável, se esqueceu da importância de fazer missões.

Quantos ministérios, missionários, evangelistas, pastores, pedagogos, psicólogos, nutricionistas, médicos, assistentes sociais, poderiam estar trabalhando em prol do reino, se todo o dinheiro desviado fosse revertido para os verdadeiros fins?

Ajudar individualmente? Sempre, considero uma obrigação de qualquer um que se diga cristão o ato da caridade, mas ainda cobro uma postura mais humana dos líderes evangélicos, por que eles são o espelho. Enquanto em nossas esquinas outros tantos vivem no Haiti brasileiro, vemos hipócritas vestidos de terno e gravata, atrás de púlpitos, pregando teologias da prosperidade e enriquecendo mais e mais. 

Tenho consciência de que faço praticamente nada para mudar a situação, sinto-me podre, medíocre, mentiroso, fariseu da pior qualidade... Mas, sempre deixei claro minha conduta e minha constante necessidade de evoluir, tanto como homem quanto como filho de Deus. Porém, estes mentem, roubam, e continuam a com a mesma “cara lavada" de sempre. Não posso, não devo e não quero mais esperar, este é um dos motivos pelo qual criei este espaço, para no pouco tempo diário que me resta, fazer a minha parte, até que possa fazer por completo. Mas, envergonho-me quando vejo tantas entidades, espíritas, católicos, budistas, ONGs do mundo inteiro se mobilizando a cada nova catástrofe, e enquanto isso, nós, nos vestimos, nos perfumamos, e vamos para nossas zonas de conforto, fingindo que o mundo ao nosso redor não existe, e que a matrix é mentira.

A verdade é que criticamos demais, julgamos demais e condenamos demais religiões alheias, enquanto a nossa esta degrada e corrompida, cheia de “achismos”, discussões doutrinárias e políticas. Estamos ricos e abastados, a ponto de sermos vomitados da boca de Cristo, amantes do dinheiro, da prosperidade, do sucesso e dos bens materiais, não nos preocupamos com o próximo, não fazemos o bem, pagamos com nossas ofertas para que outros façam, o problema é que estes desviam os donativos para contas fantasmas em paraísos fiscais. Sendo assim, está na hora dos filhos de Deus se revelarem ao mundo, caso o contrário, seremos odiados e desprezados, não por amarmos a Cristo, mas por mal sabermos quem Ele é.

sábado, 14 de agosto de 2010 | posted in , , | 9 comments [ More ]

Haiti: Meses Depois...

No ano de 2010, um imenso sismo atingiu o Haiti, o maior dos últimos 200 anos, saldando mais de 200.000 mortos, 300.000 feridos, cerca 2.000.000 de desabrigados e aproximadamente 1.600.000 continuam a viver em abrigos improvisados, 60% das estruturas governamentais completamente destruídas, perto de 2.000 crianças em situação de desnutrição e 180.000 casas em estado inabitável.

Os haitianos reclamam que apenas 2% da ajuda prometida realmente se concluiu, o que dificulta ainda mais o processo de restauração, já que antes mesmo da grande catástrofe, o povo vivia em situação desagradável e de extrema pobreza, piorando em escala máxima após o terremoto, trazendo a discussão o impacto e o descaso das grandes potências mundiais, que poderiam mudar a situação econômica do país.

Diante deste caos estabelecido, surgem algumas perguntas e dentre tantas, uma em particular:


  • Se a Bíblia ensina que aquele que diz amar a Deus, antes de tudo deve amar o seu irmão. Como então,  explicamos a postura da igreja cristã evangélica (salvo exceções) que, ao invés de focar seus esforços no auxilio dos mais necessitados, desprezados e pobres, logo após a esta tragédia, já fazia planos para acampamentos de jovens, retiros espirituais, e quando não pior, Cruzeiros Gospel? Em nosso lugar o que Jesus faria?


Abaixo algumas fotos 6 meses depois do sismo:


sexta-feira, 13 de agosto de 2010 | posted in , , , | 3 comments [ More ]

Paisagens



Expressou a dor de muitos, a agonia de milhares e o silêncio de milhões!
Ah! Se o mundo se aquietasse por um instante que fosse, para contemplar tais verdades ditas, tais imagens, tais paisagens vistas todos os dias. Talvez o poeta não precisasse descrever o mundo, se o mundo soubesse ler suas próprias mensagens nas entrelinhas.
Se olhos pudessem enxergar e não somente ver. Se as mãos pudessem segurar, e não somente estender-se para doar. Se a caridade se tornasse amor e o amor por si só pudesse confortar.
Todos os dias elas parecem nos afrontar, são elas que nos mostra o quanto somos podres, mesquinhas, egoístas. Elas são cinzas, pretas, brancas, sujas… São vivas, de carne, osso, mudas… Elas estão por toda a parte. Elas comem, dormem, fogem, morrem por toda parte. Elas nos olham nos olhos, e nós desviamos os olhares. Elas pedem ajuda, socorro, esmola, abrigo… Elas clamam justiça, liberdade, saudade, amigo. São feias, verdadeiras e agridem nossos olhos coloridos. É a imagem da sociedade capitalista, o nosso maior emblema, nosso dilema, nosso problema democrático.
É… mas sempre damos um jeitinho para tudo. Pintamos pontes, passarelas, renovamos o asfalto. Plantamos um jardim, uma árvore, um parque, um lago. Limpamos a cara da cidade, as paredes, os pontos de ônibus… – O Brasil é nosso, é seu, é desigual, é de todos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010 | posted in , , | 3 comments [ More ]

E que Venha 2014!


É meu povo! Faltam apenas 4 anos para voltarmos a ser “feliz”, apenas 1460 dias para  fazermos a festa, enfeitarmos as ruas, pintarmos o acinzentado asfalto com as cores da bandeira, decretarmos “feriados” nacionais, comprarmos camisetas, bonés, vuvuzelas…
Faltam apenas 4 anos para todos nós, em um cântico, proclamarmos nossa ordem e progresso, decorarmos o hino nacional, e quando eles entrarem em campo, cantarmos como jamais cantaríamos se não fosse  a nossa seleção.
Apenas 1460 dias para o país do futebol escancarar os braços para receber o mundo. Seremos o destaque, imaginem! O Brasil estará na capa dos principais jornais, do New York Times ao jornal comunicativo do seu bairro.
Faltam 4 anos para darmos um jeito na miséria do nosso país, na desigualdade social, precisaremos de um plano estratégico e infalível, para sumirmos com todas as favelas e moradores de rua que habitam em nossos centros urbanos, agora é sério! Temos que resolver a questão do tráfico de drogas, armas, do trabalho escravo, do desemprego, da falta de moradia, do saneamento básico, da educação, do lixo, da violência, dos presídios, da prostituição… Afinal, não queremos que nenhum gringo visto com uma adolescente de 15 anos, em um motel de quinta, entorpecido por álcool e cocaína, perto de alguma periferia, em situação de risco. Não é mesmo?
Agora é a hora, vamos lá Brasil! Salve a seleção!
Faltam apenas  4 anos para voltarmos a ser brasileiros, para fingirmos amar este pais e fingir que ele nos ama, que somos filhos da ordem, mentir para nós mesmos a dizer que ele é nosso, que é de todos, enchermos os pulmões e  gritarmos:
“Euuuuu sou brasileiroooooo, com muito orgulhoooo, com muito amor, ooohhhh”

segunda-feira, 2 de agosto de 2010 | posted in , , , | 0 comments [ More ]

A Nata Intelectual da Sociedade. Será?


Classe intelectual da sociedade, a parcela privilegiada, a “nata do leite”. Engraçado, mas percebo que ando em contramão com esses conceitos estereotipados,  não concordo e simplesmente renego a idéia de que todo o universitário é parte integrante dessa evolução social ou como indivíduo. Afinal, o que presencio no meu cotidiano é o contrário, jovens que cursam faculdades e que agem como ignorantes desprovidos de intelecto, senso comum e educação. Burros…
Vez e outra as portas da faculdade se concentra aquele pessoal que distribuí flayers e panfletos de shows e eventos. Bom, em uma instituição acadêmica responsável por formar 50.ooo alunos para a vida profissional, surpreende-me a paisagem de sujeira e situação que fica as ruas pelas mediações da instituição. Simplesmente lotada de papéis, jogados em vias públicas, e isso não é o que me aterroriza, pois é comum, infelizmente é comum. O que assusta é que nesse caso os responsáveis pela imundícia são estudantes do ensino superior, agora, não me pergunte que espécie de superioridade é essa, pois não saberei explicar.
Pensem, se os nossos universitários que pela lógica, deveriam ser um exemplo de comportamento social e ambiental tem tido tais atitudes, imaginem aqueles que não tiveram tal oportunidade de conhecerem esse mundo de conhecimento e cultura.
Outro dia mesmo, ao retornar para minha residência depois de um árduo dia de trabalho e estudo, no ônibus, a minha direita, encontrava-se um jovem, de boné, aba encurvada, estilo playboy de periferia… Estava comendo um daqueles salgadinhos como, por exemplo, Elma Chips… Quando terminou de comer, ao invés de jogar a embalagem de alumínio no lixo que estava a sua frente, levantou-se, abriu a janela e jogou na rua, com o ônibus em movimento. Agora, digam-me, que gênero de animal irracional é esse que destrói o próprio habitat natural? Do que estamos a falar? É cultural? Social? Mera questão de que educação vem de berço?
Ainda meu professor me questiona quando discordo que somos a “Parte intelectual da sociedade”. Sem generalizar para não ser injusto, existem milhares que correspondem com a expectativa, mas milhões que com sua atitudes envergonham todo o corpo acadêmico do Brasil.
Minha opinião. Se agirmos como burros, seremos tratados como burros.
E tenho como dito.

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